;

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Casa arrumada é assim:



Um lugar organizado, limpo, com espaço livre pra circulação e uma boa
entrada de luz.
Mas casa, pra mim, tem que ser casa e não um centro cirúrgico, um
cenário de novela.
Tem gente que gasta muito tempo limpando, esterilizando, ajeitando os
móveis, afofando as almofadas...
Não, eu prefiro viver numa casa onde eu bato o olho e percebo logo:
Aqui tem vida...
Casa com vida, pra mim, é aquela em que os livros saem das prateleiras
e os enfeites brincam de trocar de lugar.
Casa com vida tem fogão gasto pelo uso, pelo abuso das refeições
fartas, que chamam todo mundo pra mesa da cozinha.
Sofá sem mancha?
Tapete sem fio puxado?
Mesa sem marca de copo?
Tá na cara que é casa sem festa.
E se o piso não tem arranhão, é porque ali ninguém dança.
Casa com vida, pra mim, tem banheiro com vapor perfumado no meio da tarde.
Tem gaveta de entulho, daquelas que a gente guarda barbante,
passaporte e vela de aniversário, tudo junto...
Casa com vida é aquela em que a gente entra e se sente bem-vinda.
A que está sempre pronta pros amigos, filhos...
Netos, pros vizinhos...
E nos quartos, se possível, tem lençóis revirados por gente que brinca
ou namora a qualquer hora do dia.
Casa com vida é aquela que a gente arruma pra ficar com a cara da gente.
Arrume a sua casa todos os dias...
Mas arrume de um jeito que lhe sobre tempo pra viver nela...
E reconhecer nela o seu lugar.

Mais uma Amélia Bündchen




Clara Roman

Menos de uma semana depois de o Brasil enviar a primeira mulher para abrir uma Assembleia Geral das Nações Unidas, a marca de lingeries Hope reforçou um outro tipo de imagem da mulher brasileira em sua nova campanha publicitária. Quem protagoniza a peça é a modelo Gisele Bündchen, que exibe o corpo impecável com as roupas da empresa.

“Você é brasileira. Use seu charme” é a mensagem-chave da publicidade. No comercial, a top ensina o modo “certo” de assumir pequenos deslizes para seu marido e traduz, em poucos minutos, os estereótipos que há anos grupos feministas tentam derrubar.

Gisele tem a difícil missão de contar ao cônjuge alguns de seus pecados, como estourar o limite do cartão de crédito e bater o carro do maridão. Para se safar da fúria do homem, ela precisa usar seus dotes “genuinamente brasileiros”. O que consiste em exibir o corpo escultural de lingerie e dizer, com um leve gingado, as atrocidades cometidas contra o provedor da casa.

E o modo 'errado'.

Não bastasse o estereótipo da mulher que, sem trabalho, acaba por descontrolar-se nas compras e gastar todo o dinheiro do casal – com o retoque do mito ‘Mulher no volante, perigo constante’ – a propaganda ainda reforça o ideário destinado à brasileira, a da sedutora inverterada.

Vale lembrar do recente caso com brasileiras na Europa, que sofrem com preconceito associado à imagem da prostituição e do charme do corpo.

Ao mesmo tempo em que consagra o modelo da mulher-objeto, a propaganda desqualifica aquela que não carrega o modo sedutor de ser. Uma conversa sem performances de sedução – e com roupas – é tida como “errada”.

Não é um caso isolado. A estereotipação de mulheres na indústria da propaganda é corriqueira e altamente discriminatória. No mundo dos publicitários, aparentemente, o sexo feminino é aquele destinado às tarefas domésticas (em comerciais de produto de limpeza) ou à satisfação masculina nas propagandas de cerveja, em que o produto é associado com o companheirismo entre amigos, fim de expediente e atrizes exuberantes.

Ao apelar para a identificação entre a espectadora e a modelo, o comercial constrange a brasileira que busca se libertar justamente da imposição do tal “charme brasileiro”.

Existe um outro movimento ao retratar o universo feminino dentro da publicidade, conectado à realidade da mulher contemporânea, na inserção no mercado de trabalho e no compartilhamento da renda do lar. Ainda muito discretamente, no entanto, a publicidade sequer se aproxima de dar conta do complexo cenário em que se enquadra o feminino no Brasil.

Por enquanto, a propaganda ainda se encontra a anos-luz das conquistas do movimento feminista, da emancipação feminina e da construção de um ideário de igualdade entre os sexos.

domingo, 2 de outubro de 2011

Igreja russa pede debate sobre pedofilia em livros clássicos


Vsevolod Chaplin, importante autoridade da igreja ortodoxa russa, pediu um debate sobre o suposto teor pedófilo em dois clássicos da literatura: Lolita, de Vladimir Nabokov, e Cem Anos de Solidão, de Gabriel García Márquez.

“Temos que debater para determinar em que medida estas obras justificam a pedofilia. É um fato que no Ocidente houve um opinião muito negativa sobre elas, e depois mudou”, afirmou em entrevista à rádio Echo de Moscou. “Chegou o momento de uma revolução moral, ou uma contrarrevolução se você preferir”, disse.

O romance de Nabokov, que conta a obsessão de um homem com uma adolescente de 12 anos, provocou escândalo ao ser lançado em 1955. A obra do colombiano García Márquez aborda o tema do incesto.

Mas as declarações de Chaplin revoltaram os escritores russos. “Em seguida vamos verificar se na literatura, desde Homero até os grandes clássicos russos, há sinais de violência, pedofilia e outras coisas inaceitáveis”, comentou com ironia o historiador Nikolai Svanidze.

Boris Akunin afirmou que a igreja ortodoxa não deve interferir nos “temas seculares e literários”. Mikhail Chvydkoi, ex-ministro da Cultura, afirmou que uma resposta à proposta de Chaplin seria “prejudicial para a Rússia”.

http://www.livrosepessoas.com